Se é que ainda não ficou claro há quanto tempo eu venho planejando esse blog e tudo mais, eu tenho imagens salvas para “uso futuro” desde setembro do ano passado. (Essa aqui embaixo, por exemplo, é de novembro e, na minha opinião, sintetiza bem meu sentimento em relação à vida adulta.)
Vamos às coisas que eu aprendi nos últimos 12 meses: não existe essa coisa de que se você ama o que faz não vai ter que trabalhar nunca; se importar demais faz mal, se importar de menos faz mal também (de modos e com potências diferentes, é verdade, mas ambos irão te afetar em algum momento); dinheiro vem e vai rápido demais e você precisa aprender a se virar, mesmo assim; às vezes você faz algumas escolhas sem pensar, às vezes você pensa demais sobre coisas que não merecem o desgaste, muitas vezes isso é involuntário; manter a casa arrumadinha, limpa e cheirosa dá trabalho, mas vezes você não vai conseguir ver um fio de cabelo caído no piso sem surtar. (Ok, eu aprendi bem mais do que isso, mas, por ora, isso serve para um bom post)
Vamos por partes, como Jack, o estripador. Já comentei aqui que ano passado eu consegui meu primeiro emprego, com carteira assinada e tudo bonitinho (tá na descrição do blog, inclusive). E eu gostava muito, muito de lá. Eu era analista de mídias sociais de um e-commerce de produtos de casamento (lembrancinhas, frufrus, essas coisas) e aprendi a gostar muito de tudo que eu tinha que fazer. Isso quer dizer que tudo era perfeito? Não, mas isso não tem (exatamente) a ver com o trabalho. Acontece que tem dias que a gente acorda do lado errado da vida, tem dias que você só quer virar para o lado, se cobrir até virar um burrito e pronto. Mas aí você tem que acordar, tomar banho, pegar o metrô e o ônibus para ir trabalhar. Uma coisa que (quase) sempre funcionou bem: um bom ambiente de trabalho. As pessoas eram divertidas e se eu tinha um dia ruim (ou muito ruim!) elas sabiam me deixar quieta e tudo fluía bem. Ponto!
O segundo ponto também veio de experiências profissionais. É difícil encontrar o balanço entre se importar demais e não se importar nem um pouco (pelo menos pra mim). De modo geral eu me importo, demais. Bem mais do que deveria. Eu me preocupo e me envolvo com as coisas. Resultado disso foi um breakdown, com meu corpo (e minha cabeça, principalmente!) dizendo que tava na hora de eu relaxar um pouco. O nível da preocupação era de ter pesadelos (eu tive uma plaquinha que ficava na parede ao meu lado na sala que brincava com isso), de não ter finais de semana sossegados. Tudo isso, assumo, por culpa própria. (Por outro lado, vamos dizer que se você não se importa e acha que não deveria fazer nada além do que o seu trabalho, bom… Isso pode ser um problema, também!)
E, claro, tem o fator dinheiro! Trabalhar, carteira assinada e todas as coisas bonitinhas, tem esse lado maravilhoso: você confia que todo dia X seu salário vai estar na sua conta e, se você é uma control freak como eu, você pode programar o vencimento de todas as suas contas para um dia próximo deste, de modo que você nunca atrase e, ao mesmo tempo, não fique muito tempo com o dinheiro na conta correndo o risco de gastá-lo. Só que não dá para mentir: quando você sai de casa pela primeira vez, nem sempre é fácil conseguir controlar os gastos. Você sabe quanto é a conta de luz? Você sabia que existe uma taxa mínima de uso para a água que, mesmo que você use abaixo dessa quantidade, você ainda paga? Você sabia que o IPTU é calculado de acordo com o tamanho da área do imóvel (e isso considera se você tem, por exemplo, uma vaga de garagem?)
igualzinho
E, bom, isso se aplica às suas escolhas, também. Quer dizer, quando você mora na casa dos pais, a quantidade de decisões que você precisa tomar são bem menores (dinheiro, responsabilidades, tudo isso influencia!). E daí, boom, você sai de casa e tem que começar a tomar doze milhões de decisões por minuto. É exaustivo! Uma vez me disseram que você, enquanto pessoa, tem uma quota limitada de decisões que consegue tomar por dia, por isso é importante decidir certas coisas de antemão. (Tipo escolher na noite anterior a roupa que vai usar no dia seguinte, o que você vai comer, etc etc. Eu tentei, durei menos de quinze dias!) Por isso que às vezes a nós passamos dias e dias mastigando certas coisas e para outras coisas nós parecemos nem conseguir pensar à respeito.
Agora, casa arrumadinha é uma questão controversa. Desculpem-me os ultra organizados, as Monica Gellers e Sheldons do mundo, mas a vida é bagunçada. E olha que, vira-e-mexe eu surto e fico arrumando tudo, mas não acontece todo dia. Aqui em casa somos duas e têm dias que a pia fica cheia de louça, a roupa suja fica bagunçada no cesto e a bancada da cozinha fica cheia de bolsas e coisas que saíram de dentro delas. Nós temos uma diarista que, lindamente, vem dar uma geral há cada 15 dias, mas nos outros 28 somos nós que temos que limpar, organizar e deixar a casa apresentável. É um saco, cansa, mas, oh, devo dizer que dá a maior felicidade quando a gente senta no sofá e olha pra casa praticamente brilhando.
É fácil? Não é não. Mas a gente aprende com o tempo (eu acho. Quero acreditar. Por favor?!)
eu só quero me enrolar na coberta como um burrito