Aqui estou eu. Contrariando expectativas, inclusive as minhas. (E, possivelmente, essa será a frase de abertura dos próximos 29 posts – acreditando, cegamente, que eu chegue até lá).
Começa o desafio, com vários detalhes. Por exemplo o detalhe de que eu só falei pra Larissa quando já tinha estruturado a coisa toda (dentro da minha cabeça, obviamente), deixando claro que ela podia fazer parte, mas que era um desafio pessoal. Que ela podia comer fora e/ou pedir comida e tava tudo bem, e assim como eu ela teve as mesmas reservas: “mas e a pizza na terça-feira? E o dipps de canela?” Sim, eu levei tudo isso em consideração, mas levei em conta, também, o fato de que eu já tive – por motivos de saúde – que passar muito mais tempo, sem comer muito mais coisas que eu amo (queijo! <3), eu vou sobreviver.
Dia 1 – Lembranças de São Paulo, sanduíche de mortadela e a doida das fotos
Obviamente que um dos fatores influenciadores na minha decisão pelo desafio incluem o fato de que eu fiz compra de mercado esse fim de semana e estou com a casa abastecida. Além de ainda tem um valor considerável de crédito no vale alimentação da Larissa, o que também ajuda em muito em um mês que nós possivelmente vamos ter que contar moedinhas (e eu gostaria de estar dizendo isso metaforicamente, mas the struggle is real).
Ontem foi o começo do desafio, por assim dizer, uma segunda-feira à noite (apesar de que eu já havia estabelecido para mim, pessoalmente, que ia começar logo cedo, então fui para o trabalho munida de lanchinho para comer durante o dia, e até o meu cappuccino em pó que é pra evitar a tentação de atravessar a rua e me matar em um daqueles cafés cheios de frufru da Dunkin Donuts). Mas até aí, já era algo que eu – meio que – vinha fazendo há alguns dias.
O problema é à noite. É chegar em casa, cansada e cheia de preguiça, e ainda arranjar coragem sabe Deus lá de onde, pra ir pra cozinha (lembrando que você suja e depois tem que limpar tudo…!). Ainda mais quando, hehe, eu saí do trabalho às 18h, mas só fui parar em casa 21h30, porque eu tive que vir em casa e voltar para levar o atestado que a Larissa tinha esquecido e precisava ser entregue ontem mesmo.
A solução foi simples: sanduíche. Mas não qualquer sanduíche. Um sanduíche de mortadela que honra as lembranças do Mercadão de São Paulo, dentro do possível. A história, claro, é maior do que isso.
Em 2014, pouco depois de a gente começar a namorar (não tão pouco assim, mas ok), Lari e eu fizemos nossa primeira viagem à São Paulo, juntas. E o motivo era bom: eu havia sido chamada para uma etapa do processo seletivo de trainee da Heineken e Mars (essa etapa, inclusive, teve final feliz!). Eu havia relutado muito em ir, nível: tenso, mas acabamos indo. E tínhamos um dia todinho para passear pela cidade antes de eu precisar acordar cedo e ir para a entrevista/dinâmica de grupo.
Quando em São Paulo, sempre importante ir aos pontos mais famosos. Como o Mercadão, claro. Eu já tinha ido lá algumas vezes, quando mais nova, mas sempre acompanhada de um adulto responsável. Estranho pensar que, nesse ponto da vida, nós éramos as adultas responsáveis. Vou pular toda a parte aventureira, de andar pelas bocadas, etc. etc., e ir direto para o que interessa.
A inspiração
Todo mundo já ouviu falar do famoso sanduíche de mortadela do mercadão. Se não ouviu, já vou fotos. Se não viu fotos, por favor, saia de baixo da pedra.
foto roubada do Catraca Livre, mas bem ilustrativa
E, claro, depois que comemos o sanduíche, passamos algumas semanas obcecadas em tentar replicar essa maravilha em casa. Precisava ser a mortadela certa, o queijo certo, a forma certa de preparo. Conseguimos acertas algumas vezes, mas é trabalhoso demais quando você vive em um apartamento minúsculo em que tudo vai, inevitavelmente, ficar cheirando àquilo que você cozinhar.
No momento da ousadia, ainda fizemos uma ou outra vez. Mas já tinha um tempo em que não apelávamos pelo clássico e aí, compras feitas, preguiça instaurada, o prático e o fácil venceram. Sanduíche de mortadela!
Preparação e consumo
A receita é simples: pão, mortadela (preferencialmente defumada, porque dá diferença no sabor, sim), queijo (preferência por mussarela ou algum outro queijo mais gordinho, porque derrete mais e fica mais gostoso!), margarina e uma frigideira com um bom anti-aderente.
Você precisa de uma tesoura sem ponta… não, pera!
A quantidade de recheio, claro, fica à gosto de quem vai comer e do tamanho da fome. Aqui a gente faz por etapas, afinal nossa frigideira é pequena e o fogão é um cook top de duas bocas. Primeiro, a gente frita a mortadela, fatia por fatia, com um pouquinho de margarina, só pra não grudar e estragar tudo.
O ponto da mortadela é quando ela começa a ficar crocante, quase como um bacon. Em seguida, vai o pão, só pra dar um sabor à mais, quase sempre preparado apenas no que sobrou da fritura da mortadela com a margarina. Nunca achamos necessário passar mais margarina no pão, nem nada, mas, outra vez, vai do gosto de cada pessoa. Por fim, o queijo e este precisa de atenção. Porque se não ele queima, se rebela ou vira uma meleca sem tamanho. O importante é que ele fique derretido, com umas beiradinhas um pouquinho “crocantes”.
A montagem, no pão, fica:
Como a fome não tava das maiores e a preguiça estava inversamente proporcional à ela, o sanduíche foi modesto. Só o suficiente pra preencher o estômago enquanto dormimos.
Matou a fome?
9/10
Matou. E como já tinha almocinho pronto pra levar hoje, essa foi basicamente toda a comida que nós tivemos que fazer para a noite. (mentira, nós também fizemos quebradinha pra comer enquanto assistíamos qualquer coisa antes de dormir, mas não vou falar muito sobre isso porque: (1) tenho certeza de que esse mês ainda vai ter muita quebradinha e (2) já dei a receita do dia, obrigada, de nada! hahaha)
Fica a dúvida!
Será que eu vou sobreviver? Quer dizer, será que eu vou, mesmo, conseguir completar o desafio? É sério, eu tenho mesmo pensado sobre isso e tô torcendo um tanto bom pra dar tudo certo e o mundo ser lindo e eu me sentir como se tivesse completado algo, atingido um objetivo, por mais idiota que ele possa ser.